27 de novembro de 2012 | 13h 10
O ministro da Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, disse que a
França planeja votar em favor do reconhecimento do Estado palestino na
Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta semana.
Fabius afirmou ao parlamento que o país tem apoiado a ambição palestina e
"responderá sim" quando o tema for indicado para votação "sem
preocupações de coerência".
Com o anúncio de hoje, a França, membro permanente do Conselho de
Segurança, se torna o primeiro grande país europeu a se manifestar a
favor da causa palestina. Por outro lado, a decisão significa um
retrocesso para Israel.
Os palestinos dizem que a Assembleia deve votar em uma resolução na
quinta-feira que elevará a sua condição na ONU de observador para estado
observador não membro, uma medida que eles consideram como um passo
importante em direção a uma solução de dois Estados com Israel. As
informações são da Associated Press.
Estado Palestino interessa aos EUA e a Israel
O cessar-fogo que pôs fim à recente explosão de violência entre
Israel e os palestinos aumentou a popularidade do Hamas. A organização
extremista tornou-se a única interlocutora do mundo árabe para o
Ocidente e indiretamente para Israel. Mas o Hamas recusa-se a reconhecer
a existência de Israel. Por outro lado, a pragmática Autoridade
Palestina, dirigida pela Fatah de Mahmoud Abbas, vem perdendo
legitimidade e os ataques de Israel contra Gaza a enfraquecerão ainda
mais. Negociar com o Hamas pode garantir uma certa tranquilidade, mas o
grupo não pode ser um parceiro para a paz. Se o mundo apoiar a facção
palestina que reconhece Israel, evitará a violência. A comunidade
internacional terá essa oportunidade depois de amanhã, quando Mahmoud
Abbas apresentará seu pedido para o reconhecimento de um Estado
palestino na ONU. Se EUA e Israel continuarem a se opor, será um golpe
mortal para Abbas e acabarão premiando o Hamas.
Nesta semana faz 65 anos, exatamente na quinta-feira, que os
palestinos e seus amigos no mundo árabe rejeitaram expressamente a
Resolução 181 da Assembleia-Geral da ONU que reconhecia a necessidade de
criar um Estado judaico ao lado de um Estado árabe na Palestina sob
Mandato Britânico.
Agora os palestinos admitem seu erro e pedem à mesma assembleia para
reconhecer um Estado palestino ao lado de Israel, requerendo que as
fronteiras do seu Estado sejam determinadas com base em negociações com
os israelenses. Entretanto, os partidos de direita em Israel - que em
1993 rejeitaram os Acordos de Oslo, que previam a retirada israelense de
áreas da Cisjordânia e Faixa de Gaza e uma autonomia palestina sobre
essas áreas - estão agora usando e abusando desses acordos para impedir o
reconhecimento de um Estado palestino.
Há quatro anos não há negociações adequadas. E como Abbas se atém aos
princípios da não violência, a via diplomática, como a busca do
reconhecimento do Estado, essa é a única maneira de colocar os
palestinos de novo na agenda global. Além disso, Abbas esclareceu que se
a ONU decidir pelo reconhecimento do Estado palestino, ele concordará
em negociar com o governo de Israel sem precondições, o que é
interessante para os EUA e Israel. A diferença é que as negociações
seriam mantidas entre dois Estados reconhecidos internacionalmente.
Fonte: O Estado de São Paulo
TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
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